Taxação dos EUA pode impactar produção de peças da Toyota em Porto Feliz

A medida provocou uma imediata queda nas ações das principais montadoras no mercado global

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (26) a imposição de uma taxa de 25% sobre todos os veículos e peças automotivas importados pelo país, com exceção de produtos do México e Canadá. A medida, que entra em vigor em 3 de abril para carros completos e 3 de maio para componentes, pode impactar diretamente a Toyota em Porto Feliz, que exporta motores para o modelo Corolla vendido nos EUA.
A unidade da Toyota em Porto Feliz é responsável pela produção de motores 2.0 flex e 2.0 híbridos, utilizados no Corolla — um dos carros mais vendidos da marca nos EUA. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o Brasil não exporta veículos prontos para os Estados Unidos, mas é um fornecedor relevante de peças. Em 2023, os EUA foram o segundo maior destino das peças brasileiras, com US$ 1,4 bilhão em exportações, representando 17,5% do total, de acordo com o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores).
A sobretaxa pode encarecer as exportações e reduzir a competitividade dos produtos brasileiros, levando a Toyota a reavaliar sua estratégia de produção. Em um comunicado, a montadora afirmou que está “analisando os impactos” da medida e que buscará alternativas para manter a viabilidade das operações.
O presidente americano classificou como “ridícula” a atual cadeia produtiva automotiva, na qual peças circulam entre vários países antes de serem integradas aos veículos. “Acredito que isso fará com que os carros sejam fabricados em um único local”, afirmou Trump, destacando que as tarifas serão “100% permanentes” e devem gerar US$ 100 bilhões em receita anual para o governo federal.
A medida anunciada pelo governo dos EUA provocou uma imediata queda nas ações das principais montadoras no mercado global. A General Motors foi a mais impactada, com uma forte desvalorização de 7,7% em seus papéis. A Ford também registrou perdas significativas, com recuo de 4% no valor de suas ações, enquanto a Stellantis, terceira grande montadora afetada, viu suas ações caírem 3%. Essa reação negativa do mercado reflete a preocupação do setor automotivo com os possíveis impactos das novas tarifas sobre sua competitividade e lucratividade no mercado americano.
O UAW (sindicato dos trabalhadores automotivos dos EUA) apoiou a decisão, afirmando que ela “corrige acordos comerciais desleais” que prejudicaram a indústria local. O grupo pediu que as montadoras absorvam os custos das tarifas, evitando repasses aos consumidores. Analistas estimam que os preços dos carros nos EUA podem subir até US$ 10 mil.
Se a taxação reduzir a demanda por motores brasileiros, a Toyota poderá reorganizar sua produção, afetando empregos e investimentos na região. A prefeitura e o governo estadual devem acompanhar de perto os desdobramentos, buscando mitigar possíveis impactos na economia local.

IMPACTOS POSSÍVEIS NA FÁBRICA DA CIDADE. O ambicioso plano de investimentos de R$ 11 bilhões da Toyota no Brasil, com destaque para a modernização da fábrica de Porto Feliz, agora enfrenta um desafio inesperado: as novas tarifas de 25% impostas pelos EUA sobre veículos e peças automotivas importadas. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, coloca em xeque parte da estratégia global da montadora, já que a unidade paulista é justamente uma exportadora-chave de motores para o Corolla vendido no mercado americano. A fábrica de Porto Feliz, especializada na produção de motores 2.0 flex e híbridos, tornou-se um elo vital na cadeia produtiva da Toyota nas Américas. Em 2023, os EUA absorveram 17,5% das exportações brasileiras de autopeças (US$ 1,4 bilhão), com a Toyota figurando como protagonista nesse fluxo. A sobretaxa ameaça encarecer esses motores em até um quarto de seu valor, podendo levar a montadora a reavaliar: A lógica de produção distribuída criticada por Trump, que defende veículos “fabricados em um único local”; A competitividade dos motores flex brasileiros, justamente um dos diferenciais que a Toyota planejava expandir com seus investimentos em descarbonização; Os empregos e investimentos previstos para Porto Feliz, que dependem da escala de produção atual. Enquanto as ações das montadoras caíam em Wall Street (GM: -7,7%, Ford: -4%), a Toyota iniciou uma avaliação de danos. Em comunicado, a empresa afirmou estar “analisando os impactos” – um sinal de que o projeto de R$ 5 bilhões até 2026 em Porto Feliz pode sofrer ajustes. A ameaça é clara: se os EUA reduzirem importações, a fábrica poderá ter que: Redimensionar sua produção, afetando os 500 empregos diretos; Redirecionar parte dos motores para outros mercados; Postergar investimentos em novas linhas híbridas.

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