Dados do IBGE revelam que 1,1% da população do município foi diagnosticada com TEA; prevalência é maior entre homens e pessoas de origem asiática
Porto Feliz, cidade com 56.497 habitantes, tem aproximadamente 621 pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), de acordo com os resultados preliminares do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número corresponde a 1,1% da população residente no município — índice próximo à média nacional, que é de 1,2%.
O levantamento considera como pessoa com autismo aquela que declarou ter recebido diagnóstico de um profissional de saúde. Os dados ainda são estimativas iniciais, mas trazem um retrato importante sobre a condição na cidade.
O levantamento também revelou disparidades na prevalência do autismo conforme gênero e cor ou raça. Entre os homens de Porto Feliz, 1,4% foram diagnosticados com TEA, enquanto entre as mulheres o percentual foi de 0,8%.
Quando analisado por raça ou cor, os dados mostram que: 9,3% da população amarela (de origem asiática) tem autismo, o maior percentual entre os grupos; 1,4% das pessoas brancas foram diagnosticadas; 0,5% dos pardos têm TEA; Entre os pretos, não houve registros de diagnóstico no município.
No Brasil, o Censo 2022 identificou 2,4 milhões de pessoas com autismo, o equivalente a 1,2% da população. Os números reforçam a importância de políticas públicas voltadas para o acolhimento e inclusão de pessoas com TEA, tanto em Porto Feliz quanto no país.
Esta foi a primeira vez que o IBGE incluiu um questionamento sobre TEA no Censo, em resposta a uma lei aprovada em 2019.
A nova legislação, sancionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), partiu da Câmara dos Deputados, e determinou que todos os Censos, a partir de 2019, deverão incluir “especificidades inerentes ao transtorno do espectro autista”.
“A inclusão de novos temas num Censo demográfico depende do desenvolvimento das formas de se investigar fenômenos específicos a partir de pesquisas domiciliares”, explica Luciana Santos, analista do IBGE.
O TEA se manifesta de uma grande variedade de formas, o chamado espectro autista, e é caracterizado por uma alteração no desenvolvimento cerebral que causa mudanças na comunicação social e comportamentos repetitivos e estereotipados.
Alterações sensoriais, como o incômodo extremo com certos barulhos ou texturas, e um repertório específico de interesses -— chamado também de hiperfoco -— costumam ser comuns.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também inclui como característica do TEA “interesses ou atividades restritos, repetitivos e inflexíveis, que são claramente atípicos ou excessivos para a idade e o contexto sociocultural do indivíduo”.
Por ter um espectro amplo, as habilidades e necessidades das pessoas autistas variam muito. Enquanto algumas pessoas com autismo conseguem viver de forma independente, outras têm deficiências graves, como ausência da fala, e precisam de cuidados e apoio por toda a vida.
Os dados do IBGE são fundamentais para entender a distribuição do autismo e direcionar ações de saúde, educação e assistência social. Com essas informações, gestores públicos podem desenvolver estratégias mais eficientes para atender às necessidades dessa população.