De herança centenária à visão futurista: a trajetória de Jane Romantini à frente do Cartório de Porto Feliz
O Cartório de Registro Civil de Porto Feliz está participando da campanha “Quem Ama Casa”, uma iniciativa da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen/SP) que busca transformar o casamento civil em um ato de amor, compromisso e segurança jurídica.
O projeto ressalta que, além de formalizar a união afetiva, o casamento garante direitos essenciais, como proteção patrimonial, estabilidade familiar e benefícios previdenciários. Com as recentes mudanças na legislação, o processo se tornou mais ágil e acessível, permitindo que qualquer casal — homoafetivo, recasado ou jovem — oficialize sua história com facilidade.
Um cartório com história e tradição
Fundado em janeiro de 1889, o Cartório de Porto Feliz guarda mais de um século de memórias da cidade. Seu primeiro registro de casamento foi lavrado em 15 de janeiro de 1889. Desde outubro de 2007, a oficiala Jane Maria Sibaldelli Romantini está à frente da serventia, conduzindo uma gestão que equilibra tradição e inovação.
Formada em Direito e ex-advogada, Jane assumiu o cartório após aprovação em concurso público e se dedicou a modernizar o serviço sem perder o vínculo afetivo com a comunidade. “Ao chegar, senti a responsabilidade de honrar a confiança que os moradores tinham no cartório. Meu desafio foi manter a qualidade do atendimento enquanto imprimia minha marca pessoal”, relembra.
Modernização e proximidade com a população
Nos últimos anos, o cartório passou por transformações significativas, incluindo a digitalização de processos, a adoção de certidões eletrônicas e a mudança para um novo espaço em 2024, visando maior comodidade aos usuários. “A tradição não nos impede de evoluir. Investimos em tecnologia, mas mantemos o cuidado humano que define nosso trabalho”, explica Jane.
Além dos serviços convencionais, o cartório se destaca por ações sociais, como campanhas de regularização documental, participação em eventos beneficentes e casamentos comunitários temáticos — iniciativas que fortalecem o laço com a cidade. “Estamos presentes na vida das pessoas, seja tirando dúvidas na rádio local jornal ou ajudando em questões burocráticas. Somos mais que um cartório: somos parte da história de Porto Feliz”, afirma a oficiala.
“Quem Ama Casa”: um convite para celebrar o amor
A adesão ao projeto “Quem Ama Casa” reforça o papel do cartório como incentivador do casamento civil. “Queremos mostrar que oficializar a união é um gesto de amor e responsabilidade. Com as mudanças na lei, o processo está mais simples, mas o significado permanece profundo”, destaca Jane.
Para quem deseja se casar, o cartório oferece atendimento personalizado e orientações sobre documentação. “Nosso objetivo é que todos sintam acolhidos, desde o noivado até o ‘sim’ final”, completa.
*Confira abaixo um bate-papo com Jane Maria Sibaldelli Romantini

O ARAUTO Conte sobre sua trajetória pessoal. Como foi o início até assumir o Cartório de Porto Feliz? O que mais a marcou ao assumir a serventia em 2007?
JANE Formei-me em Direito pela PUCCAMP em 1999, quando iniciei o exercício da advocacia e conciliação junto à Comarca de Sumaré/SP. Após três anos de atuação, com o incentivo do Dr. Vitor Kumpel, então juiz na Comarca de Sumaré e professor no Curso do Prof. Damásio, comecei a estudar para concurso público. Em 2007, ingressei no extrajudicial por meio do Quarto Concurso de Provas e Títulos, assumindo o RCPN de Porto Feliz. Ao chegar, o que mais me marcou foi a cobrança pessoal para corresponder às expectativas da população, que tinha muita confiança e respeito pela família Carvalho — referência de tradição no cartório desde 1889. Eu precisava honrar esse legado.
O ARAUTO Após quase 20 anos à frente do cartório, como avalia as transformações realizadas no atendimento desde que assumiu?
JANE Desde o início, meu objetivo foi respeitar a história do Registro Civil, melhorando gradualmente a administração com profissionalismo, mas sem perder a identidade. Primeiro, modernizamos a estrutura física e tecnológica, com novos computadores, servidores e sistemas. Hoje, olhando para trás, vejo que avançamos muito. Em novembro de 2024, inauguramos novas instalações para melhor atender a população.
O ARAUTO Qual a importância histórica do cartório para Porto Feliz? Como ele impacta a vida dos moradores?
JANE Nosso acervo remonta a janeiro de 1889 — um tesouro da memória da cidade. Somos vistos como solucionadores de problemas: as pessoas nos procuram não apenas para registros, mas também para orientações sobre documentos, INSS, contratos e até questões pessoais. Nossa marca é a confiabilidade e o acolhimento.
O ARAUTO Como as recentes reformas melhoraram o atendimento? Que estratégias foram adotadas para modernizar o cartório de registro sem perder a tradição?
JANE Desde 2007, o setor extrajudicial passou por grandes mudanças, como a implantação do ON-RCPN, certificações digitais e plataformas de interação. Abraçamos cada inovação, desde a Apostila de Haia até o e-Notariado, sempre capacitando a equipe. A tradição não impede a modernização; ambas coexistem quando entendemos nosso papel na sociedade.
O ARAUTO O que significou assumir um cartório com tanta tradição? Quais foram os maiores desafios?
JANE Foi uma honra receber esse legado, mas também um desafio corresponder às expectativas e imprimir minha identidade. Outra dificuldade foi equilibrar sonhos de gestão com a realidade financeira — nosso lema sempre foi “fazer mais com menos”. Começamos com computadores básicos e reformas; hoje, temos sistemas integrados e três sedes em 20 anos.
O ARAUTO Como é o dia a dia no cartório?
JANE Moro em Indaiatuba e, diariamente, na estrada, vejo a transição da cidade industrial para o interior, com ipês floridos ou romeiros na Semana Santa. Porto Feliz cresceu muito, com indústrias como a Toyota e condomínios de luxo, mas mantém seu charme histórico. Aqui, conhecemos as famílias: compartilhamos alegrias, tristezas e conquistas. Para fortalecer esse vínculo, participamos de rádios, jornais, campanhas de documentação e casamentos comunitários temáticos.
O ARAUTO Como avalia a digitalização dos cartórios? Como Porto Feliz se adaptou?
JANE A modernização é inevitável. Adotamos todas as novidades, desde certificados digitais até IA, treinando a equipe para garantir eficiência e segurança. Divulgamos os serviços online, mas sem perder o atendimento humanizado.
O ARAUTO Quais são seus planos para o futuro? Que mensagem deixaria para a população?
JANE Queremos estar sempre à frente, antenados às necessidades da comunidade. Ao povo de Porto Feliz, agradeço pela confiança e reafirmo nosso compromisso com excelência. O Cartório de Registro Civil é — e sempre será — um espaço de história, amor e cidadania.