Dois novos artigos científicos de Carlos Carvalho Cavalheiro e Paulo Celso da Silva foram recentemente publicados em revistas acadêmicas de relevância nacional, consolidando o avanço de um conceito teórico em desenvolvimento pelos autores — o de Comunicação Rebelde. As produções refletem sobre temas fundamentais da contemporaneidade, unindo comunicação, história, cultura e meio ambiente, com base em estudos realizados em Sorocaba.
O primeiro artigo, intitulado “Nhá Quitéria de Sorocaba: a comunicação rebelde no muro”, foi publicado na revista arte :lugar :cidade, da Universidade Federal Fluminense (UFF). O texto examina a intervenção urbana da pichação como forma de expressão e mídia alternativa, tendo como foco um caso
emblemático na cidade de Sorocaba, em torno da figura de Nhá Quitéria, ex-escravizada que viveu entre meados do século XIX e XX e cuja memória foi reavivada por inscrições urbanas recentes. O estudo propõe uma reflexão sobre a pichação enquanto linguagem de resistência e comunicação antagônica à oficialidade, questionando se essa forma de intervenção pode se constituir como um “lugar de memória alternativa” (lieu de mémoire, segundo Pierre Nora). A pesquisa dialoga com autores como Nora, Flusser, Sodré e Certeau, e baseia-se em observação de campo e revisão bibliográfica, propondo um olhar inovador sobre a articulação entre memória, arte e rebeldia urbana. Já o segundo artigo,
“Rio Sorocaba: de recurso natural a ‘ceifador de vidas’”, publicado na Revista de Estudos Universitários (REU) da Universidade de Sorocaba (UNISO), analisa a transformação simbólica e midiática do rio Sorocaba, historicamente visto como fonte de vida e progresso, mas que passou a ser representado como ameaça em razão das enchentes que marcaram a história da cidade, especialmente as de 1929, 1983 e 2024. A partir da análise documental e histórica de reportagens do jornal Cruzeiro do Sul, os autores problematizam como a mídia constrói a chamada “violência da natureza”, responsabilizando o rio pelos desastres e ocultando causas estruturais como a ocupação irregular, a impermeabilização das margens e a negligência do poder público. O artigo conclui que essas narrativas, ao estetizarem o sofrimento e personificarem a natureza, reforçam desigualdades e desviam o foco das responsabilidades humanas, propondo uma revisão crítica da relação entre comunicação, meio ambiente e sociedade. Os dois trabalhos dialogam diretamente com o conceito de Comunicação Rebelde, desenvolvido por Carlos Carvalho Cavalheiro e Paulo Celso da Silva, que propõe compreender formas de comunicação alternativas, insurgentes e não-hegemônicas — aquelas que emergem das margens e das resistências sociais — como meios legítimos de produção de sentido e memória. As publicações reforçam a relevância regional e nacional das pesquisas desenvolvidas no interior paulista, demonstrando como Sorocaba pode ser ponto de partida para reflexões amplas sobre memória, mídia e resistência, contribuindo para o avanço das discussões contemporâneas no campo da comunicação.
Jornal O Arauto de Porto Feliz
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