A Operação Mão de Ferro 2 desarticulou uma rede criminosa que atuava em 11 Estados
A Polícia Civil, em conjunto com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, realizou nesta terça-feira (27) uma das maiores operações contra crimes cibernéticos do país. A Operação Mão de Ferro 2 resultou na desarticulação de uma perigosa rede criminosa que atuava em 11 estados brasileiros, incluindo São Paulo, onde foram cumpridos mandados em Porto Feliz, Itu, Santa Isabel e Altair. As investigações revelaram um cenário alarmante de violência digital contra crianças e adolescentes, com casos que chocaram até os investigadores mais experientes.
Um dos episódios mais graves envolveu um adolescente de 15 anos, apreendido em Porto Feliz, que atuava como líder de um dos grupos criminosos. O jovem, que utilizava a internet para disseminar terror, foi flagrado coagindo vítimas a enviarem fotos de automutilação, acompanhadas de mensagens perturbadoras como „Gostou de se cortar?”. Em um ato de extrema crueldade, o suspeito chegou a contatar a mãe de uma das vítimas, enviando mensagens ofensivas e ameaçadoras. Durante a ação policial, os agentes apreenderam o celular utilizado nos crimes, que agora passará por perícia detalhada, enquanto o adolescente cumpre medida socioeducativa determinada pela Justiça.
A rede criminosa operava de forma organizada e sofisticada, utilizando principalmente aplicativos como WhatsApp, Telegram e Discord para recrutar membros e cometer seus crimes. Os investigadore identificaram uma série de condutas criminosas que incluíam desde a indução de jovens à automutilação e ao suicídio até a produção e compartilhamento de pornografia infantil. Além disso, o grupo praticava stalking (perseguição digital sistemática), ameaças, extorsão, apologia ao nazismo e até mesmo invasão de sistemas e bancos de dados públicos. Os criminosos se valiam do anonimato proporcionado pela internet para coagir e traumatizar suas vítimas, na maioria adolescentes em situação de vulnerabilidade emocional.
A operação, coordenada pelo Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) e pela Diretoria de Operações e Inteligência (Diopi), mobilizou equipes policiais em todo o país. Foram cumpridos 22 mandados judiciais em diversas cidades brasileiras, incluindo Manaus (AM), Fortaleza (CE), Serra (ES), Marabá (PA) e Lajeado (RS). As ações incluíram buscas e apreensões, prisões temporárias e medidas socioeducativas, demonstrando a abrangência e complexidade da organização criminosa.
Especialistas em segurança digital destacam que casos como esses evidenciam os perigos ocultos nas redes sociais e plataformas digitais. A Operação Mão de Ferro 2 não apenas representa um avanço significativo no combate ao cibercrime no Brasil, mas também serve como alerta para pais, educadores e autoridades sobre a necessidade de maior atenção às atividades online de crianças e adolescentes. As investigações continuam em andamento, com possibilidade de novas prisões, enquanto as autoridades reforçam a importância de denúncias e da conscientização sobre os riscos do ambiente digital.